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Leitaria Garrett
segunda-feira, dezembro 27, 2004
  A sombra voltou após longos meses de esquecimento. Volta no momento certo; quando ainda tenho James Barrie como contador de histórias na mesinha de cabeceira. Volta para me atormentar exactamente quando me encontro na cidade sem sol. Também ela sabe que faz por estas alturas um ano que nos vimos pela primeira e última vez.
 
quinta-feira, dezembro 23, 2004
  Para M., em forma de tímida prenda de Natal.
 
segunda-feira, dezembro 06, 2004
  Nos inventamos noches en las que volamos en naves espaciales de plata y rumamos hacia al cielo buscándonos estrellas. Alex lleva su camiseta naranja puesta porque dice que le da suerte. Inventamos otras vidas mientras le hago fotos con las nubes detrás y el me regala una constelación al final del viaje. Así escribimos nuestra historia: jugamos con limones, dibujamos en mapas imaginarios autopistas espaciales de incomparable altitud, avanzamos sin miedos o temores por el espacio glaciar. A la hora de volver el cielo nos invita a cenar y nos dice que no hace falta que hablemos. Nos encanta (al Rubio y a mi) explorar hacia al fondo de ese mundo, cuando la intimidad ya no tiene limites y dejamos que la verdad y la realidad se hundan finalmente. Nos encanta imitar a personajes de James Barrie...
 
  Cojo el paraguas y me abrigo de las mentiras que llueven. Él agua no es clara. El mundo tampoco. 
 

Sentir que estou só. Saber-me apenas na precária companhia de mim mesmo, quando o que quero é perder-me na inconsciência da multidão e sentir-me anónimo e vago. Livrar-me desta alma que me sobrecarrega e me vai mutilando aos poucos. Poder abandonar-me no fundo da rua e correr na direcção oposta; fugir de mim mesmo e recomeçar-me ciclicamente. Perder personalidade com o vento ou com as marés. Deixar que as raízes se destruam erosivamente e reconstruir-me na presença de outro eu. Conseguir guardar esta possibilidade numa caixa e guarda-la debaixo da cama para sempre que me apetecer deixar de ser eu. Fazer da palavra solidão apenas uma palavra ou então pinta-la de cores alegres para que também tu a possas utilizar com alegria. Ser-me um eu de mentira, vazio de tudo o que me é sentimental. Ser-me unicamente molecular: criar-me um adn sem emoções que me perturbam e humanizam. Ser um ser vivo apenas e apenas assim ser-me.


Não deixes que te digam que não podes. Reduz a insignificância do mundo a isso mesmo. Corre se assim tiver que ser, mas vai olhando para trás para ires crescendo à medida que te vais apercebendo daquilo que perdes. E no fim da viagem julga o teu sucesso (ou a falta dele) por tudo aquilo que tiveste que abdicar para o conseguir.

Já alguma vez sonhaste na segunda pessoa? Já alguma vez pensaste no egoísmo como uma forma de vida? Não me digas que também tu acreditas que a solidão é ultrapassável. Abstrai-te de uma realidade oferecida e imagina-te apenas na companhia de ti mesmo. Vais então dar-te conta de que afinal também isso não é tão mau como parece. De certeza que te vais agradecer a ti mesmo mais tarde por esse vazio. E depois dá-te conta que te vais ser sempre a tua mais fiel companhia. Não desdenhes de ti mesmo. Incontornavelmente acabarás a tua vida unicamente na tua presença. E aí então vai saber-te bem saber que não estás sozinho.

Constrói-me um corpo físico se isso te ajuda. Mas não te iludas porque quem acabamos (eu, tu e eles) por ver és tu e não eu. Eu, no entanto, fico contente pelo teu bom-gosto.

“é a parte de mim que mais gosto e é a parte de mim que eu abomino.*” BRANDÃO, Raul, in Húmus

*Narrador sobre o seu alter-ego


 
 

Se esta é a primeira de muitas vidas (mesmo que seja a segunda ou a terceira, não importa para o caso!), posso sorrir. Se este é o amanhecer, estou na presença de uma aurora feliz. Há gotas de orvalho e faz ainda frio lá/cá fora, mas tenho consciência de uma existência feliz. E é o medo da manhã que me fragiliza. O incómodo de um novo erguer de responsabilidades, de incertezas e do adeus de um tempo despreocupado, de voos possíveis porque protegidos. Espera-me a manhã e os primeiros raios de sol que teimam em avisar-me da sua breve chegada. Que se demore o dia um pouco mais.

 
 

PLAUDITE

Estamos sempre reverenciando o Tempo.

Estamos sempre em busca do Agora.

E sempre à beira do Novo.

Com agora. Novo milênio,

Novo milagre da aventura humana.

Já sabemos que a terra é azul

E já traçamos o mapa das células

Onde moram o riso e a dor.

Mas ainda não somos livres nem sábios o bastante.

E o céu ainda pode desabar sobre as nossas cabeças.

Desde que o fogo sagrado – a Vida – nos foi entregue,

Aprendemos esta arte de velar e desvelar máscaras

Para não sermos jamais expectadores passivos

Do Grande Espetáculo,

Mas arquitetos e demolidores de mitos,

Encenadores do nosso próprio destino,

Saltimbancos no vasto palco do planeta.

Cleise Mendes

 
 

Recomeçar. Reacender. Reavaliar fragmentos de existências incertas. Recordar e reafirmar a mim mesmo que também isto é bom, porque só nestes momentos me sei plenamente dentro desta tristeza.
Ainda não tive tempo de parar para me encontrar. Tenho de prometer a mim mesmo deixar de ser nómada e estabelecer um traço na linha cronológica. Marcar essa linha de cor forte e quente…

 
No Chiado, de tardinha, às vezes via-os passar sorridentes...de mão em mão...Dizia quem via:"São rapazes, bons portugueses!".Dona Ana passava também sempre à mesma hora,com os seus longos vestidos de tecido importado do Brasil...Carlos, o engraixador residente, com esse há-vontade que tem quem trabalha na rua,rodava o corpo enquanto Dona Ana passava e,do seu pequeno banco de madeira velha,gritava em suspiros, para que todos ouvissem,o mesmo de sempre:"Ai!, Madame!...Que até me causa indigestão!"

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